Rosualdo Rodrigues
Colunista de Variedades do Gastronomix
Não é só um título de notícia sensacionalista. Aconteceu de fato, mas
há muito tempo, em 1671, em Chantilly na França. O cozinheiro e maître d’hôtel
François Vatel (1631-1671) foi encarregado de fazer um banquete para o rei
francês Luís XIV.
Estava tão obcecado em que tudo desse certo que não resistiu quando
soube que não teria frutos do mar suficientes para a mesa real. Em pânico,
concluiu que aquele deslize no planejamento liquidaria sua honra. Como
fazem os japoneses nesses casos, cometeu hara-kiri: lançou-se sobre sua espada.
Diz a lenda que antes gritou: “Minha honra está perdida. Não dá para
suportar um golpe desses — minha cabeça está rodando, há mais de 10 noites que
não durmo!”. O corpo do cozinheiro nem tinha esfriado quando o peixe extra
solicitado, enfim, chegou ao local. Tarde demais.
Há historiadores que contestam o motivo do suicídio. Eles defendem a
versão de que o real motivo da morte espetaculosa de Vatel foi o amor não
correspondido por uma dama da corte. Pelo sim, pelo não, o pobre Vatel
sobreviveu na galeria de grandes personagens da história da gastronomia
francesa.
A ele é atribuída a invenção do até hoje popular creme chantilly — uma
mistura de creme de leite, essência de baunilha e açúcar — e seu drama
foi reconstituído no cinema em filme estrelado por Gérard Depardieu, “Vatel —
Um Banquete Para o Rei”, de Rolland Joffé. Uma Thurman faz a dama que dilacerou
o coração do cozinheiro.
https://youtu.be/Xinytlwp0sQ
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