quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

ALMANHAC // Branco ficou com a receita da farinha

Rosualdo Rodrigues
Colunista de Variedades do Gastronomix

A mandioca é mais que um ingrediente na culinária brasileira, é um elemento cultural. Uma das mais fortes heranças que recebemos dos índios. A farinha que se faz dela, então, nem se fala.

Durante o Brasil Colônia, farinha de mandioca era comida de escravos. Os brancos, porém, descobriram que podiam usá-la para conservar alimentos, daí a incluíram no farnel dos viajantes, misturando-a a outros alimentos. Não demorou para a farinha chegar também às mesas do senhorio. 
Hoje não dá para imaginar a gastronomia brasileira sem a farinha. Grossa, fina, amarela, d’água, de puba… Seu consumo resiste à modernização de costumes gastronômicos. É produzida e consumida, pura ou na farofa, em quase todo o país.

Por isso mesmo continua a ser produzida em larga escala, ainda que suas origens estejam ligadas a uma agricultura de subsistência. Mas, o curioso, é que ainda é fabricada, em grande parte, pelos mesmos métodos utilizados pelos índios.

Já pensou em feijoada sem farofa?
E isso implica envolvimento de muita gente, criando todo um processo de socialização. A raspagem das raízes, por exemplo, exige a participação de um grande número de pessoas. Vira, então, reunião de amigos.
E farofa de ovos? Quem é que não gosta?

Depois de descascada, a mandioca é triturada ou ralada, prensada, espremida para tirar a manipueira (como é chamado o líquido venenoso da raiz), enxugada, peneirada e torrada. Como se vê, dá um trabalho danado.

Embora existam casas de farinha no Brasil inteiro, a produção sobressai no Norte e no Nordeste. No Recôncavo Baiano, por exemplo, o produto até deu nome a uma cidade, Nazaré das Farinhas.

Fotos: do alto,  www.palmares.gov.br; do meio, Freepik; de baixo, Pixabay

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